O Que Os Homens Não Pensam

A autora, em suas conclusões, afirma que os homens preferem pensar no envelhecimento de forma projetada no outro e não como protagonistas, para não se sentirem derrotados na essência de seu papel masculino e fálico. Será para o homem difícil pensar-se como um ser frágil, uma vez que a longevidade, além de poder trazer vantagens como o amadurecimento, o acúmulo de experiências, a paciência e a sabedoria, pode também vir acompanhada de certas fragilidades, restrições e declínios?

Existe um mundo ideal para os Adultos Maduros? Esta é uma questão primordial que Helena aborda com a autoridade de quem não vê somente a teoria, mas faz uma escuta, ouve os anseios, desejos e sonhos dos Adultos Maduros. Hoje, as pessoas dessa faixa etária são mais ativas na sociedade, sabem o que querem, e buscam coisas essenciais para uma vida tranquila e feliz: o carinho, o afeto, a atenção de seus familiares e amigos, dignidade para suprir suas necessidades básicas e respeito, porque, como refere a autora, os anos vividos não subtraem a necessidade de gratificação.

Raros são os livros que expressam de forma tão significativa as manifestações de uma época. Temos presenciado um aumento considerável na expectativa de vida. Apesar disto, observa-se uma escassez de estudos voltados à saúde masculina na maturidade. Instigada em compreender o homem de maneira mais abrangente, Helena associa sua rica e diversificada prática clínica com a pesquisa científica (Envelhecimento Masculino: o que os homens pensam?) e nos convida a adentrar no universo masculino do Adulto Maduro, para refletirmos como ele vivencia a longevidade.

O envelhecimento masculino se apresenta, neste livro, como um espelho da atual sociedade, isto é, famílias que se desfazem para constituírem novas famílias, pais que decidem ter filhos com mais idade, projetos que foram deixados de lado na adultez jovem e que podem ser retomados na adultez plena, novos projetos como sinal de que há muita vida a ser vivida, reflexões sobre a vida passada, a aposentadoria não mais como um fim a ser perseguido e sim o trabalho, uma atividade que dê prazer, acima do valor monetário. A preocupação com os netos foi substituída pela preocupação com os filhos, já que estes, apesar de adultos, separaram-se e alguns voltaram para a casa dos pais. Acredito que essa capacidade de se adaptar a cada nova mudança na vida seja o grande diferencial da pesquisa que originou o livro.